Rebelo de Sousa, ao discursar (08 dez 2022) no colóquio, promovido pela Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, na Capela do Rato (Igreja de São Domingos) valorizou o empenho católico contra a política anticolonial iniciada por um grupo de católicos na vigília da Igreja de São Domingos, a 31 de dezembro de 1968, e na vigília da Capela do Rato em 1972. Revelou também um propósito: “Ando com a ideia de ter um gesto simbólico em relação à Comunidade do Rato”, e que a “Ordem da Liberdade” poderia expressar a gratidão da parte do Estado pelo papel da comunidade no processo que levou ao regime democrático. De facto: “Não é obra só de militares “era justo que houvesse um sinal em relação ao contributo cristão nesse processo”.
Também admoestou a União Europeia que “parou em muitos casos em autocontemplação, porque era democrática e considerava que era muito melhor do que outras realidades que existiam no mundo „continuando “a não saber encontrar maneira de se relacionar com África e, no entanto, há aí uma relação que é óbvia”.
Finalmente fala um representante português em defesa de interesses estratégicos de Portugal e dos interesses dos europeus latinos na União Europeia. A UE deveria empenhar-se mais na defesa do espaço africano. Doutro modo, todo o empenho da UE é orientado para os países vizinhos na Europa do Leste. Essa política tem sido implementada pela Alemanha que procura defender os seus interesses económicos nos países vizinhos a leste.
O presidente admoesta também que não existe só a guerra na Ucrânia: “Portanto, não vamos ser tão simplistas quanto isso – eu percebo que se tem que ser simplista quando se está a exercer política, tem que se tomar uma posição política perante cada caso – mas não vamos esquecer os outros casos todos, parece que só há uma guerra no mundo”. “Isto é desvalorizar o que se passa na Ucrânia? Não, porque ali o envolvimento das potências é maior, porque ali a determinante na balança de poderes é maior, ou mais visível, pelo menos. Significa uma nova ordem internacional? Veremos, veremos, veremos, porque isso é muito mais do que uma nova balança de poderes”.
E acrescentou: „continua a haver muito nacionalismo no mau sentido do termo, muito chauvinismo, muita xenofobia – aquela de que se fala muito e aquela que é dos próprios Estados – e isso não contribui para a paz” … “Não há paz onde há fome, onde há injustiça social”, é preciso “construir a paz em muitos outros sítios e num contexto global”. “Se cada pessoa se realiza com os outros, está a construir a paz” … “não há paz sem desenvolvimento, sem justiça económica e social, sem liberdade”. ´
Bravo, Senhor Presidente
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo